Já adotou microaprendizagem e aprendizagem adaptativa para estudar e ensinar?
24/01

(6 dicas de como produzir e identificar bons conteúdos para formação profissional)

(*) Dado Guimarães

O descompasso da formação universitária com os desafios reais do mundo dos negócios se tornou um tema recorrente entre os especialistas em educação, RH e treinamento corporativo. Com um mercado em constante ebulição impactado pelo rápido avanço das novas tecnologias, quem quiser garantir o emprego, ter trabalho como freelancer ou empreender, não há outra saída, terá que estudar por toda vida e desenvolver não só as habilidades hard skills, mas também, e especialmente, as soft skills. 

Ter um diploma não será, já não é, um passe livre para iniciar a carreira, o que significa dizer que a formação não estará mais restrita aos 4, 5 anos dentro de uma faculdade. Saber solucionar problemas complexos, ter pensamento crítico e criatividade, desenvolver a inteligência emocional, conhecimento em tecnologia e empatia são algumas das habilidades que serão cada vez mais requeridas para lidar com este novo mundo, conforme o relatório Future of Jobs do World Economic Forum. 

E estes são aprendizados que não se adquirem necessariamente no universo acadêmico, mas através da experiência de quem já quebrou muita pedra trabalhando em organizações. Não à toa que um dos principais critérios das novas gerações para aceitar um emprego é o quanto a empresa ajudará a aprender o que não foi ensinado na universidade. 

Estes novos talentos (e os que já estão no mercado) irão demandar (já estão demandando) uma formação que preencha suas lacunas de aprendizado, ou seja, precisarão de uma aprendizagem adaptativa (adaptive learning) sustentada por um sistema capaz de avaliar quais habilidades precisam desenvolver. 

Uma alternativa que tem conquistado espaço é o microlearning, ou microaprendizagem, que constrói uma trilha de formação profissional a partir de pílulas de conhecimento administradas em cursos de curta duração, como videoaulas de poucos minutos.

E aí temos uma boa notícia para você que traz na bagagem muito aprendizado adquirido na prática profissional. Já pensou em transformar tudo que sabe em cursos rápidos que podem ser disponibilizados em plataformas EAD de universidades ou outros canais online focados em formação profissional ?

Se você acha que seu conhecimento não tem lá grande valor, saiba que está enganado. Há muitos profissionais por aí sedentos por conteúdos formativos produzidos por quem vive o dia a dia do mercado e teve que aprender na prática como lidar com a dura realidade de gerir negócios e pessoas. Gente que construiu empresas do zero. Gente que levou corporações à liderança. Gente que inovou e criou startups disruptivas. Gente que faz e sabe quais os ingredientes e receitas para alcançar sucesso aprendendo com seus erros e acertos. 

Esteja certo que compartilhar seu conhecimento irá ajudar um grande número de profissionais que já estão diplomados, mas desempregados ou trabalhando em ocupações que exigem menor qualificação. 

Estudo do IBGE indicou que 2,5 milhões de pessoas com ensino superior completo estão fora do mercado ou trabalhando menos horas do que gostariam. Mais ainda, de 1,7 milhão de profissionais que têm formação universitária e ingressaram no mercado de trabalho formal entre 2013 e 2018, 318 mil aceitaram posições em ocupações que demandavam apenas o ensino fundamental completo ou o médio incompleto no início do período da pesquisa. É um desperdício enorme de talentos!

O reflexo da falta de alinhamento das universidades com as demandas das empresas na hora de contratar profissionais pode ser visto no comportamento das novas gerações. Um estudo da TD Ameritrade realizado com 3 mil adolescentes e adultos americanos indicou que 1 em cada 5 dos jovens da geração Z (entre 15 e 21 anos) e dos millennials (entre 22 e 28 anos) consideram não ir para faculdade. E não é só isso. 89% dos respondentes da Geração Z e 79% dos millennials avaliam um caminho alternativo à formação tradicional de 4 ou 5 anos na universidade.

Outra pesquisa conduzida pelo Wall Street Journal/NBC News confirma que os americanos estão perdendo a fé no valor do diploma e acham que o investimento não vale a pena. 49% dos entrevistados acreditam que uma faculdade de 4 anos irá garantir um bom emprego contra 47% que não têm a mesma crença. Entre os consultados na faixa etária de 18 a 34 anos o ceticismo é ainda maior – 39%; há 4 anos eram 57%.

No alt text provided for this image

Ex-presidente da Harvard University, Larry Summers resume bem o que está levando as novas gerações a reconsiderarem ingressar na faculdade. “A General Electric não se parece em nada com o que era em 1975. Harvard, Yale, Princeton ou Stanford se parecem muito com o que eram em 1975”, pontua, reforçando a falta de ritmo de inovação nas universidades para acompanhar o mercado e os desejos das novas gerações, o que também, claro, ocorre em um nível muito mais acentuado no cenário educacional brasileiro.

Um dado confirma a tese de Summers e mostra o quanto uma formação tradicional impacta as carreiras de altos executivos: mais de 60% dos que figuram na lista dos 100 melhores CEOS do mundo deste ano organizada pela Harvard Business Review não cursaram um MBA. Outro dado conhecido acentua a preocupação com a carência de inovação nas universidades: a Dell Technologies prevê que 85% das profissões que irão existir em 2030 ainda não foram sequer inventadas. 

Como preparar estas gerações se as universidades ainda vivem na década de 70? E vale lembrar que a expectativa de vida dos que hoje estão na idade de cursar faculdade poderá passar dos 100 anos. É difícil acreditar que o que estão aprendendo hoje será indispensável ou terá alguma utilidade daqui a 70, 80 anos.

Em entrevista a Ryan Jenkins, palestrante e autor especialista em Geração Z, a Diretora Global de Aquisição de Talentos da SAP, Jenn Prevoznik, defende que a formação universitária é menos importante do que suas habilidades. A SAP é uma das empresas que, assim como muitas outras, investe pesado no treinamento de seus colaboradores e oferece cursos in company. 

“Os estudantes da Geração Z estão perguntando aos recrutadores se as empresas irão ajudá-los a desenvolver novas habilidades na medida em que os trabalhos se transformarem”, assinala James Manyika, Diretor do Mc Kinsey Global Institute em artigo do mesmo autor.

Jenkins lembra que por terem crescido em um mundo conectado cercado pela tecnologia mobile, os millenials pensam e agem de forma diferente, demandando uma aprendizagem capaz de engajá-los.  

Por isso, ele sugere que o ‘microlearning’ é o melhor caminho para conseguir a atenção desta turma e, acrescento, é também eficiente para profissionais de todas as idades, já que com aulas de 2 a 15 minutos é mais fácil conseguir dar conta do conteúdo, aproveitando, por exemplo, uma viagem de metrô de casa para o trabalho ou durante rápidos intervalos durante o dia.

No alt text provided for this image

O especialista dá 6 boas dicas para desenvolver treinamentos em microlearning, que também são indicadas a quem está procurando um bom curso. Fiz aqui uma livre adaptação:

  1. Breve e Bonito. Para competir pela disputada atenção e pelo tempo escasso os treinamentos devem ser sucintos, intuitivos e com um belo design. Estamos acostumados a usar aplicativos e acessar sites com belos layouts e conteúdos bem produzidos; na hora de estudar é natural que queiramos ter uma experiência na mesma altura e não uma aula que pareça ter sido feita de forma amadora. A informação deve ser fácil de absorver, reter e lembrar.
  2. Ágil e Acessível. Estamos cada vez mais remotos, trabalhamos com nossos próprios devices e temos autonomia para organizar nosso tempo. Portanto, o treinamento precisa ser responsivo e funcionar em dispositivos mobile, deve ser ágil e acessível a qualquer hora, em qualquer lugar.
  3. Instantâneo e Inteligente. Envie informações e aprendizados que sejam úteis para ajudar na jornada profissional. Crie artigos, vídeos, infográficos que ajudem a aprender rapidamente as soluções de problemas do dia a dia. 
  4. Colaborativo. Crie comunidades em que todos possam aprender com seus pares, permitindo que profissionais mentores compartilhem suas experiências com quem está iniciando a carreira e os mais jovens expressem o que desejam aprender e também possam ensinar ao grupo.
  5. Relevante. Crie conteúdos que sejam realmente essenciais ou não terá engajamento. Pense quais são os desafios diários que enfrentam.na vida profissional.
  6. Misture ações de treinamento online e presenciais. É importante desenvolver também atividades no mundo real para criar impacto. A conexão pessoal, o olho no olho é muito importante.
  7. Me permito acrescentar uma sétima dica: Seja Global. Produza e procure conteúdos que sejam globais e atendam demandas comuns a vários mercados.  Assim seu conhecimento terá um alcance internacional e você também poderá aprender com a experiência de quem vive culturas diferentes. 

Nunca vimos tantos futuristas fazendo suas apostas para o que será do mundo profissional nas próximas décadas com a evolução da inteligência artificial, da robótica e tecnologias ainda sequer inventadas. A verdade é que nunca foi tão difícil prever o futuro. Mas uma coisa é certa: só quem tiver flexibilidade e adaptabilidade conseguirá acompanhar a veloz transformação que nos colocará de uma vez por todas em uma sociedade totalmente digital, conectada e repaginada por empresas inovadoras, disruptivas, que precisarão contar com profissionais que reúnam saberes técnicos e habilidades socioemocionais. 

Vamos começar a levar seu conhecimento a quem precisa?

(*) Dado Guimarães é Chief Academic Officer do InterGroup Education Technology

Compartilhe

CONFIRA TAMBÉM

CONTATO
+55 (11) 3034-4662 - firstcom@firstcom.com.br
Horário de atendimento: Segunda a Sexta das 10h às 19h
LOCALIZAÇÃO
Rua Cubatão 929, Sala 88
Vila Mariana, São Paulo (SP), Brasil
CEP: 04013-003